No dia 08 de junho, comemoramos e celebramos as conquistas frutos da pesquisa realizada nas universidades e institutos dentro do Brasil. Apesar da falta de investimentos na área, dos constantes cortes nas bolsas de pesquisa e do sucateamento da pesquisa brasileira, ainda sim, somos capazes de gerar conhecimento de peso.
Em 2018, constavam doze pesquisadores brasileiros dentre os mais influentes do mundo de acordo com a empresa de consultoria Clarivate Analytics. Dentre esses pesquisadores temos o professor do Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo), Paulo Eduardo Artaxo Neto que foi mencionado na mesma lista em outras duas ocasiões (2014 e 2015). Sua pesquisa atua em áreas como meio ambiente, mudanças climáticas globais e poluição do ar e tem mostrado como o processo de ocupação da Amazônia está afetando o ciclo da água no Brasil, influenciando nas chuvas e secas.
Já na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a pesquisadora Miriam Hubinger teve entre os trabalhos mais citados as pesquisas desenvolvidas com a polpa do açaí e a microencapsulação de óleo de linhaça e café torrado.
Em meio a pandemia do COVID-19 (SARS-CoV-2), a pesquisa brasileira continua como é a prova da pesquisadora Ester Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical da USP, que ficou conhecida por sequenciar o genoma do novo vírus em apenas 48 horas. Seu nome se junta ao de dezenas de outros pesquisadores que tem como foco desde a produção de uma possível vacina até os impactos sociais e econômicos na sociedade brasileira.
E enquanto alguns acham que pesquisa não faz parte do vocabulário do pessoal das ciências humanas, os pesquisadores da área levam o nome do Brasil à elite da produção científica tornando-o o país que mais publica artigos científicos em ciências sociais aplicadas, seguida por ciências humanas e linguística.
Mas você sabia que muito antes, nós, brasileiros já fazíamos a diferença na ciência?
Conheça alguns nomes que mudaram a história da ciência no Brasil e no mundo.
1. Johanna Döbereiner
Nascida na Europa, emigrou para o Brasil em 1950 onde começou a trabalhar com o estudo da microbiologia de solos. Anos mais tarde, sua pesquisa deu início ao Programa Brasileiro de melhoramento de soja e o Programa Nacional do Álcool, tendo um enorme impacto na economia do país e sendo um dos primeiros pilares da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Johanna foi pioneira no estudo da biologia do solo e seu trabalho com a fixação biológica do nitrogênio lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Nobel em 1997. Além disso, é a sétima cientista brasileira mais citada pela comunidade científica de acordo com um levantamento de 1995 pela Folha de São Paulo.
2. César Lattes
Nascido em Curitiba em 1924, se graduou em física e matemática na Universidade de São Paulo (USP) com apenas 19 anos de idade. Se dedicou ao estudo da física atômica onde ao lado do cientista inglês Cecil Frank Powell e o italiano Giuseppe Occhialini, descobriu uma partícula no interior do núcleo atômico que garante a coesão do átomo, o méson pi. Sua descoberta marcou o início da chamada física de partículas elementares, dando o pontapé inicial à construção de aceleradores de partículas no Brasil, onde fez sua carreira acadêmica.
3. Heleieth Saffioti
Nascida em Ibirá (SP), em 1934, graduou-se em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP em 1960. Teve como área de estudo a representação da mulher e suas relações dentro da sociedade de classes partindo da análise de mulheres brasileiras. Em 1995, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz juntamente com outras 51 brasileiras pela sua luta no campo acadêmico sobre a questão de gênero.
Quer conhecer mais nomes que fizeram parte da história brasileira no campo acadêmico? É só clicar nos links abaixo e conhecer um pouco mais.
Nós, do Ciência à Brasileirinha, desejamos que não somente hoje, mas todos os dias a sociedade brasileira possa olhar para a pesquisa e a ciência desenvolvida no Brasil e reconhecer seu valor, porque mesmo com cortes e falta de investimentos, continuamos de pé, produzindo conhecimento de qualidade para todo o mundo. Por isso, é nosso dever, todos os dias, abraçar e valorizar a causa.
DEFENDAM A NOSSA PESQUISA BRASILEIRA.
Referências
ALINE GURGEL, L. H. M. M. E. V. W. Exposição: 20 cientistas brasileiras que fizeram história. ABEP-UK - Associação de brasileiros estudantes de pós-graduação e pesquisadores no Reino Unido., 2018. Disponivel em: <https://abep.org.uk/20-cientistas-brasileiras/>. Acesso em: 07 Junho 2020.
CANAL CIÊNCIA IBICT. César Lattes. Canal Ciência, 2019. Disponivel em: <http://www.canalciencia.ibict.br/nossas-informacoes/ciencioteca/personalidades/item/318-cesar-lattes-vida-obra-e-descobertas>. Acesso em: 07 Junho 2020.
CARVALHO, L. M. E. J. Dez pesquisadores brasileiros contam o que estão estudando sobre o coronavírus. CNN Brasil, 2020. Disponivel em: <https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2020/04/11/dez-pesquisadores-brasileiros-contam-o-que-estao-estudando-sobre-o-coronavirus>. Acesso em: 06 Junho 2020.
MACIEL, C. Doze pesquisadores brasileiros estão entre os mais influentes do mundo. Agência Brasil, 2018. Disponivel em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-12/doze-pesquisadores-brasileiros-estao-entre-os-mais-influentes-do-mundo>. Acesso em: 06 Junho 2020.
RIGHETTI, S. Ciências humanas levam Brasil à elite da produção científica. Folha de São Paulo, 2019. Disponivel em: <https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2019/06/ciencias-humanas-levam-brasil-a-elite-da-producao-cientifica.shtml>. Acesso em: 07 Junho 2020.
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